domingo, 19 de setembro de 2010

Expresso Nacional


Marcha. Entre pistões, apitos, fumaças. Marcha.

Ferro duro de consciências.

Marcha.

Em outras partes,
trens mais rápidos
ameaçam a viagem.

Lança o passado na fornalha,
queima e esquece.

Milhões de bocas famintas,
insaciáveis,
desejam chegar.

"Guardem a fome de hoje,
amanhã haverá pão!"

Silenciosamente milhões queimam.

Rios para eletricidade.
Florestas para lavoura.
Mares para o petróleo.
Montanhas para o minério.

Queima-se também o futuro.

No primeiro vagão,
ricos mais ricos,
seguros do direito de serem ricos.

No último, sem banheiros,
o esgoto corre entre os bancos.
Mas tem tv, novela e futebol.

E o trem embala,
veloz, acelerado,
máquina dos sonhos.

Seremos a locomotiva mais rápida do mundo.

Vamos chegar.

2 comentários:

Kelyanne Gualberto disse...

Em lugar algum!

Lindo blog, parabéns.
Boa semana. ;D

Regina disse...

Rodrigo, parabéns!
pelo blog, por você ser quem é, ou não ser, pelos escritos lindos, pelos pensamentos que mostram a sua alma...belíssima, por sinal!
Abraços perfumados
Regina